Tirar uma ideia inovadora do papel e transformá-la em um negócio envolve diversas etapas. Muitos tendem a achar que a mais complicada delas é o primeiro passo: criar a startup. Mas uma pesquisa da Startup Farm comprova que mais difícil do que dar os primeiros passos é se manter vivo no mercado – três em cada quatro empresas nascentes “morrem” antes de completar cinco anos. A solução pode ser a metodologia OKR.
Para não fazer parte desta estatística a adoção de algumas estratégias são cruciais, como a escolha de uma instituição que dê apoio ao negócio. As incubadoras são uma boa opção para os empreendedores que querem ajustar suas soluções antes de lançá-las no mercado. No MIDI Tecnológico, incubadora gerida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE) e mantida pelo Sebrae/SC, por exemplo, as startups são acompanhadas por mentores e consultores que ajudam no aperfeiçoamento do negócio e contam com uma rede de contatos de empresários, investidores e outros empreendedores que colaboram com a interação tecnológica e troca de experiências.
Além de desenvolver o produto, a incubadora auxilia no aperfeiçoamento da equipe e dos empreendedores. Quando o tópico é organização e gestão de resultados, a metodologia indicada são os OKRs (Objectives and Key Results), técnica que ficou famosa pela adoção em grandes empresas de TI, como Google e Twitter. O método consiste em traçar objetivos para alinhar expectativas e metas entre os líderes e seus colaboradores, pensando no progresso da empresa. Para a execução dos OKR três características são essenciais: comunicação, engajamento e resultado.
Na MyTapp, incubada do MIDI, trabalhamos com o desenvolvimento de chopeiras eletrônicas e implementamos os OKR em nossos processos no fim do ano passado. Dividimos a startup por setores e foi definido quais eram as expectativas da empresa para cada um. A partir disso, procuramos indicadores que pudessem nos ajudar a mensurar o desempenho de cada área. No final do processo, poderemos analisar o que andou e quais são as principais deficiências da empresa.
Ficou interessado? Separamos algumas das principais dúvidas que nós empreendedores temos antes de adotar o método para responder e explicar melhor como funciona essa prática.
1 – Qual a quantidade ideal de metas para o meu negócio?
O mínimo possível. Para o método ser aplicado de forma eficaz deve ser focado em poucas metas. O ideal é procurar objetivos que dependam de vários fatores, isso dá um resumo geral do negócio e ajuda a manter o foco, além de ser mais fácil de acompanhar os resultados: melhor monitorar duas ou três metas do que cinco ou seis.
2 – Devo fazer OKR para a empresa, para as áreas ou para os colaboradores?
Na MyTapp pensamos em objetivos para a empresa, para as áreas e para os colaboradores. Isso exige mais dedicação da equipe e é necessário deslocar alguém para ficar focado só nesta atividade. Os OKRs dos colaboradores ajudam no entendimento das expectativas da empresa em relação ao seu trabalho,a definir objetivos pessoais e, a partir daí,a gerar tarefas. Quando o negócio não é grande, um colaborador acaba fazendo diversas funções, inclusive de outras áreas que não a sua, se ele não souber qual é seu principal objetivo pode acabar desviando de sua tarefa principal e prejudicar o desempenho de toda a empresa. Os OKRs dos setores são importantes para definir a função dos diretores e os da empresa, a do CEO. No final eles estão todos conectados. Se os indicadores de um colaborador não estão muito bons, os resultados da área são impactados e também os da empresa. Na prática é exatamente isso que acontece e os OKRs ajudam a todos compreenderem melhor essa conexão.
3 – As metas devem ser mensuráveis ou abstratas?
Os objetivos são abstratos. As metas, mensuráveis. Alguns setores são mais tranquilos de definir metas mensuráveis e que façam sentido. O comercial, por exemplo, é medido pelo número de vendas; a empresa, pelo faturamento. Outros setores são mais difíceis de criar indicadores e metas mensuráveis e que façam sentido. O de P&D, por exemplo, foi nossa maior dificuldade.
4 – Como posso avaliar os resultados do método?
A melhor avaliação do método é se os objetivos foram atingidos. Uma boa métrica também é analisar a quantidade de problemas não planejados que ocorreram. A avaliação ao final de cada ciclo, e pequenos ajustes durante, são fundamentais para melhorar as premissas e sempre manter os OKRs mostrando a realidade. As startups são muito dinâmicas e seus OKRs tem que acompanhar as mudanças de percurso.
Esse método, portanto, pode ser a chave para o progresso de uma empresa nascente. Os OKRs são baseados em uma prática comum aos empreendedores: planejamento de objetivos. Mesmo antes de começar a operação das empresas, seus idealizadores já têm traçado aonde querem chegar, com os OKRs fica mais fácil visualizar como chegar lá.