De um modo geral, as finanças inclusivas têm como objetivo superar as barreiras que impedem o acesso aos serviços financeiros, promovendo a inclusão financeira e, consequentemente, reduzindo a exclusão econômica. Ao proporcionar acesso a serviços básicos, como contas bancárias, empréstimos, seguros e pagamentos, essas iniciativas ajudam a capacitar indivíduos e comunidades que estão à margem do sistema financeiro tradicional.
Qual a importância das finanças inclusivas?
A inclusão financeira permite que as pessoas tenham meios para economizar, investir, proteger-se contra riscos financeiros e construir ativos. Ao fornecer acesso a serviços financeiros adaptados às necessidades específicas de grupos marginalizados, como pessoas de baixa renda, pequenos empreendedores, agricultores, mulheres e jovens, as finanças inclusivas promovem a igualdade de oportunidades e fortalecem a resiliência das comunidades.
Por meio do fornecimento de serviços adequados e da educação financeira, auxiliam a capacitar as pessoas a tomarem decisões sobre suas finanças pessoais e empresariais. E consequentemente, isso ajuda a melhorar a gestão financeira, aumenta a poupança e estimula o empreendedorismo.
Como as fintechs têm auxiliado na inclusão financeira?
A tecnologia desempenha um papel fundamental no avanço das finanças inclusivas, uma vez que através de smartphones e plataformas digitais, as pessoas podem acessar serviços financeiros, mesmo em áreas remotas. Isso amplia significativamente o alcance dos serviços financeiros, proporcionando maior acesso a comunidades rurais ou comunidades menos abastadas e excluídas geograficamente. Além disso, as inovações tecnológicas, como pagamentos móveis e serviços de transferência de dinheiro como o pix e o open banking, estão revolucionando as transações financeiras, oferecendo soluções mais eficientes e acessíveis.
No contexto brasileiro, o crescimento das fintechs tem impulsionado ainda mais as finanças inclusivas. Por meio da tecnologia e de iniciativas inovadoras, este ramo de startups oferece serviços financeiros mais acessíveis, ágeis e personalizados.
O número de fintechs no Brasil quadruplicou nos últimos dez anos e embora elas facilitem a inclusão de pessoas no sistema bancário o número de brasileiros “desbancarizados” ainda é alto (38,5%). É necessário democratizar o acesso a essas ferramentas.
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Lacunas a serem superadas
Um levantamento realizado em parceria entre a Brink’s e a Fundação Dom Cabral revelou dados significativos sobre as preferências de pagamento no Brasil, além de destacar a questão da desbancarização e do endividamento no país. Essas informações são essenciais para compreendermos os desafios enfrentados pelo sistema financeiro brasileiro e a necessidade de promover a educação financeira da população.
Parte dos brasileiros ainda não têm conta bancária
Segundo o estudo, 53,4% dos brasileiros ainda preferem utilizar dinheiro como forma de pagamento. Além disso, cerca de 38,5% da população não possuem conta em banco. É interessante notar que as mulheres apresentam um percentual maior de desbancarizados (43,4%) em comparação aos homens (33,2%). Na região Nordeste, a desbancarização é mais prevalente, atingindo 47,1% dos consumidores, enquanto na região Sul esse índice cai para 27,7%. Esses números destacam a necessidade de encontrar soluções para permitir que serviços financeiros alcancem esses brasileiros desbancarizados.
Um país endividado
Os dados revelados pelo estudo também apontam para um cenário preocupante de endividamento no Brasil. Em 2022, 78 em cada 100 famílias brasileiras estavam endividadas, o patamar mais alto desde o início da série histórica em 2010. Além disso, 28,9% das famílias brasileiras possuíam contas em atraso, também o maior patamar registrado. Esse contexto cria um desafio significativo para os consumidores, especialmente devido aos altos juros praticados, que aumentam o valor das dívidas, dificultando a renegociação e o pagamento das obrigações em atraso.
Em um país onde a educação financeira ainda não é culturalmente disseminada, é fundamental reconhecer que para tornar as finanças mais inclusivas há a necessidade de não apenas fornecer acesso a crédito e serviços bancários, mas também educar a população sobre como lidar com esses serviços. A falta de conhecimento financeiro adequado contribui para a dificuldade no gerenciamento de dívidas e na tomada de decisões financeiras conscientes. Portanto, é crucial investir em programas de educação financeira que capacitem os cidadãos a tomar decisões informadas e responsáveis em relação ao seu dinheiro. Somente assim poderemos enfrentar os desafios atuais e construir um sistema financeiro mais inclusivo e sustentável para todos.