No mês passado, explorei aqui no blog da ABStartups os detalhes aos quais devem se atentar os empreendedores interessados em criar marketplaces. Hoje, escrevo para aqueles que desejam vender seus produtos ou serviços nessas plataformas, aproveitando as tecnologias oferecidas por elas e ganhando visibilidade mais facilmente.
Como vimos, num contexto de e-commerce, o marketplace é um shopping virtual, uma loja online colaborativa que reúne diversos vendedores e compradores. Exemplos comuns desse modelo são Amazon, Alibaba e Submarino.
Mas o marketplace também pode ser pensado como uma rede que liga prestadores de serviços a clientes, afinal, ele nada mais é do que um intermediador de negócios. Encaixam-se nessa categoria outras empresas como Uber e Airbnb. O foco, aqui, no entanto, é o e-commerce mesmo.
A operação desse modelo, mais complexa que a de e-commerces tradicionais, envolve três partes: o prestador (vendedor), o cliente final (comprador) e o próprio marketplace. Este deve garantir a conexão entre aqueles, oferecendo tecnologia e inteligência financeira em troca de uma taxa.
Pense nas vantagens
Os marketplaces são uma tendência do e-commerce brasileiro. Em 2015, ano em que o setor faturou mais de R$ 41 bilhões, 20% das ofertas online foram feitas por meio desses shoppings virtuais. Muitos varejos online tradicionais têm até migrado para esse modelo em busca do lucro que a venda de artigos de categorias diversas pode trazer.
Vender num marketplace é uma questão de estratégia de mercado. Se você tem uma loja pequena, não muito conhecida, estar na Amazon, por exemplo, garante que seus produtos ganhem mais visibilidade, sejam facilmente encontrados. Isso porque a plataforma tem a responsabilidade de atrair tráfego virtual, fazendo inúmeras campanhas de marketing, e sua loja pode se aproveitar desse público.
Mas é importante ter em mente que cada marketplace tem políticas e custos de serviço próprios. Valor do anúncio, pagamento por clique, mensalidade e taxa de comissionamento podem variar. O empresário deve analisar em qual deles seu negócio se encaixa melhor.
Busque se diferenciar
Não se esqueça: você está disputando o tráfego virtual atraído pelo marketplace com dezenas, centenas de outros empreendedores que vendem itens parecidos ou prestam serviços similares aos seus. Sua loja precisa de um diferencial para se destacar das outras, e ele está na forma como você recepciona o cliente.
Além de oferecer preços competitivos, capriche nas descrições dos produtos, nas fotos e nos vídeos utilizados, para não deixar dúvidas a eles sobre o que estão comprando. Mas, caso queiram perguntar, tenha um canal de comunicação para ajudá-los.
Cabe ao vendedor, e não ao marketplace, passar as informações corretas para o consumidor, garantir que os produtos anunciados estejam no estoque e que a entrega seja realizada.
Você vai saber se essas iniciativas estão dando certo quando olhar o número de vendas, que podem ser influenciadas ainda pelas avaliações da experiência de compra de antigos clientes. Incentive-os a fornecer feedbacks e reviews para sua loja ou produto — eles servirão de referências para os próximos.
Não se preocupe com a operação financeira
Se você pretende vender exclusivamente em marketplaces, não precisa buscar ou desenvolver do zero uma solução de pagamentos online, pois se sujeita àquela escolhida pela plataforma. O tempo que seria investido nessa preocupação pode, então, ser distribuído para outras frentes, como as mencionadas acima.
Os marketplaces geralmente implementam soluções financeiras robustas que têm APIs e funcionalidades específicas para esse tipo de negócio, como a relação entre contas mestres e subcontas, além do comissionamento automático para todos os vendedores (também conhecido como split payment).
Dentre os recursos oferecidos pela infraestutura financeira da iugu, por exemplo, há chamadas de API que permitem realizar e automatizar facilmente essas operações.
Considerações finais
É geralmente responsabilidade da loja ou prestador de serviço emitir a nota fiscal de venda. Nesse caso, o operador do marketplace deve expedir o documento para esses vendedores, constando só o valor cobrado pela intermediação do negócio.
A nota fiscal é crucial num caso de disputa contra a contestação de compra de um cliente (quando ele não reconhece uma cobrança e pede o dinheiro de volta à operadora do cartão de crédito). O marketplace cuida desse processo, mas você precisa lhe providenciar todos os documentos que comprovem a entrega do produto ou serviço, incluindo a nota.
Por fim, não se assuste se o cadastro do marketplace em que você quer vender seus produtos for muito extenso e contiver campos que parecem não acabar mais.
Todas as informações requisitadas são necessárias para o processo de análise de fraude feito pela plataforma. Muitas pessoas mal intencionadas buscam os marketplaces porque seu modo de operação facilita o acesso a produtos e serviços. Por isso o cadastro de vendedores pode ser longo e requerer tantas informações e comprovantes.
Se um fraudador causar grandes prejuízos a um marketplace, e a reputação dessa plataforma for abalada pelo crime, os vendedores que estão sob o guarda-chuva dela também serão comprometidos, pois perderão o tráfego de visitantes.
É como diz o ditado: melhor prevenir do que remediar.