Em uma palestra concedida ao Finance Conference de 2021, a Sócia Operacional da Redpoint eVentures Carolina Strobel pontuou que o Chief Financial Officer (CFO) da startup precisa ser, entre outras coisas, resiliente.
É que, nessas empresas disruptivas, o líder executivo das finanças encontrará um cenário repleto de incertezas e obstáculos. Dependendo do estágio da startup, será preciso desenhar processos e construir uma equipe do zero.
Neste texto, vamos refletir sobre as habilidades que o CFO precisa para se adaptar à cultura da organização e fazer a startup escalar.
De olho nos números: quem é o Chief Financial Officer no Brasil?
Um relatório do Insper em parceria com a especialista em recrutamento Assetz revelou que o CFO brasileiro tem, em média, 47 anos de idade e formação em Administração, Economia e Engenharia – 70% deles também fizeram pós-graduação. No Brasil, para alcançar a posição de líder das finanças, 44% foi promovido internamente, enquanto 51% foi contratado do mercado.
Quando nos voltamos para o universo das startups, no entanto, esse perfil muda um pouco. Para Carolina Strobel, uma especialista em Venture Capital, o Chief Financial Officer dessas companhias costuma ser mais jovem, e sua experiência é adquirida na medida em que a empresa cresce.
Ele tem uma prioridade muito clara: “a startup precisa se preocupar com funding”, reforça. Por isso, será importante, sobretudo, que o profissional tenha um olhar estratégico para garantir a sustentabilidade a longo prazo.
É importante fazer questionamentos como: “estamos queimando o nosso caixa de forma muito rápida?”, “o planejamento é viável a longo prazo?”.
Um CFO para cada estágio
Existem startups de todo porte, e há uma forma de liderança financeira ideal para cada estágio. Afinal, as prioridades da empresa mudam na medida em que ela cresce. Em painel sobre a carreira do CFO e venture capital, Strobel discorreu sobre os papéis do líder em cada uma dessas fases.
“Em uma Série A, você começa a precisar de um CFO. Ele vai chamar atenção para as próximas necessidades, ajudar os outros executivos”, explica. Ela continua: “Ele [o Chief Financial Officer] tem que estar sempre preocupado em atuar em muitas frentes, ligar o resultado da empresa com conceitos financeiros”.
Ainda segundo ela, geralmente, é a partir dessa etapa que o CFO começará a construir sua equipe. A partir de uma Série D, o jogo muda: “a empresa está capitalizada, conhece o público, sabe onde atuar”, conta.
Uma questão de cultura: o Chief Financial Officer e as soft skills
O que não muda, independentemente do estágio em que uma startup se encontra, é a importância do Chief Financial Officer como um dos guardiões da cultura da empresa. Afinal, ele é um líder executivo e precisa estar alinhado aos demais C-levels.
A cultura deve estar impressa nas habilidades comportamentais do CFO. Segundo o levantamento da Assetz, entre as soft skills mais dominadas pelos líderes financeiros do mercado, estão:
- A capacidade de se adaptar às mudanças;
- Comunicação efetiva;
- Autoconhecimento;
- Delegação efetiva;
- Cultivo da inovação etc.
Quando o assunto é cultura, vale refletir ainda sobre o estilo de liderança desses executivos. Ainda segundo a pesquisa O perfil do CFO no Brasil, de 2021, a maioria absoluta dos entrevistados respondeu adotar um estilo orientado a resultados. O modelo inovador apareceu em seguida.
Hard skills: um olhar para as habilidades técnicas
Controladoria, Tesouraria Estratégica e Planejamento Estratégico. De acordo com o levantamento, essas são as habilidades técnicas mais dominadas pelos CFOs do momento.
Mais do que dominar uma série de habilidades técnicas, o líder executivo financeiro precisará, ao longo do tempo, construir uma equipe multidisciplinar, com profissionais cujos perfis se complementam.
É crucial, nesse processo de construção de uma equipe, ter em mente que as hard skills podem ser ensinadas, principalmente em um ambiente de experimentação como o das startups. Cultura, por outro lado, é algo individual, que depende da personalidade e da postura de cada profissional.
Conclusão
O Chief Financial Officer não é só um currículo ou um conjunto de habilidades. O sucesso da sua atuação em uma startup depende de uma série de variáveis, como porte, estágio de crescimento, investimentos e, sobretudo, cultura. Aqui, adaptação e resiliência são palavras de ordem. Afinal, é tempo de transformação digital no mercado financeiro.
A boa notícia é que o CFO da nova economia pode contar com soluções digitais de toda ordem no dia a dia de trabalho. Esse conjunto de ferramentas será crucial para ajudá-lo na automatização de tarefas repetitivas, no monitoramento das finanças e na realização de processos gerenciais financeiros. Assim, a equipe poderá se dedicar às tarefas mais estratégicas, que serão convertidas em inteligência para o negócio.
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