Nos últimos artigos desta coluna, tenho comentando sobre a importância de trazer dados sobre o nosso ecossistema e nos pautar neles para tomadas de decisão. E hoje, trago a prova disso e os resultados do Mapeamento de Comunidades 2020, que acabo de lançar na Abstartups.
Durante este ano, com o apoio do Sebrae e com mais de 60 comunidades de todo Brasil, mapeamos as startups ativas para trazer dados consolidados sobre o nosso mercado. E este ano, com um desafio particular: mapear a diversidade (ou a falta dela) no ecossistema empreendedor.
O resultado, não são números bonitos. Não há motivos para comemoração, mas são um alerta importante: precisamos reconhecer onde estamos para podermos seguir em frente. E isso é possível com este estudo!
Segundo o Mapeamento, 26,3% de startups em todo o Brasil não possuem nenhuma mulher na sua equipe, apenas 5,8% dos founders no Brasil são negros e 12,6% são mulheres. E mais: apenas 4,5% de startups empregam pessoas transexuais e 6,7% pessoas com deficiência (PCD).
Em contraste a esses números, 87,7% das startups dizem apoiar a diversidade. Isso só nos mostra a importância de nos pautarmos em números, não só em discursos. Diversidade tem sido pauta constante, mas os nossos números nos dizem que ainda estamos longe de transformar o discurso em realidade.
Isso porque é uma tarefa que exige conscientização e mudanças internas: desde processos seletivos, cultura de time, espaços de debate. Não é só querer ser mais diverso, é necessário implementar ações que estimulem a diversidade. Que bom que o conceito está difundido, vemos que o primeiro passo foi dado. Mas o caminho está só começando. Daqui a adiante, o objetivo é entender o que impede a prática: e ajudar os esforços para que startups encontrem os caminhos.
Como aumentar a diversidade nas startups?
Seja para o ambiente de startups ou qualquer segmento do mercado de trabalho é preciso uma mudança de mentalidade social. Nós precisamos reconhecer privilégios e enxergar a desigualdade de oportunidades que existe estruturalmente no Brasil. Muito se fala no discurso de igualdade, mas igualdade parte da ideia de que devemos tratar todos iguais, porém não somos iguais, então a palavra acaba com o sentido de pluralidade e de diversidade. A igualdade persiste em uma padronização, e não é assim que fazemos acontecer.
Devemos, por isso, buscar pela diversidade, a equidade, a valorização e a equiparação da mesma. Para isso, é preciso quebrar a falácia da meritocracia e na prática apoiar iniciativas e movimentos de fomento. Já temos exemplos no ambiente de startups como Programaria (formação de mulheres na tecnologia), Woman Will (treinamento de liderança feminina), BlackRocks (aceleradora de startups para negros), Camaleao (plataforma de contratação LGBTQIA+), para assim quebrar a bolha de preconceitos e tornar o ecossistema de startups mais diverso e inclusivo.
Os dados do mapeamento que acabamos de divulgar são outro passo importante, porque expõem a realidade e permitem traçar estratégias que transformem esta realidade, especialmente quando temos exemplos recentes como o caso no Nubank. Ele nos mostra que o trabalho de conscientização precisa continuar existindo, que é preciso aprofundar as discussões e atingir os tomadores de decisões e cargos de liderança, para promover mudanças.
Conheça os dados completos do Mapeamento de Comunidades 2020!
Por isso, fica aqui o meu convite: conheça o Mapeamento de Comunidades 2020, conecte-se com a sua comunidade e os atores. E seja um agente de transformação – use os dados para traçar ações que realmente transformem a realidade.
Para que discursos como “nivelar por baixo” ou “não encontro profissionais” não sejam mais ouvidos. Somos diferentes, e precisamos abraçar as diferenças e aprender com elas todos os dias. Acesse aqui, os estudos completos.