A gente já está acostumado com isso.
Alguns termos no mundo da gestão empresarial se tornam tão conhecidos, que passam a ser usados indiscriminadamente, fugindo do seu conceito original.
Isso aconteceu recentemente com expressões como inovação disruptiva, transformação digital e outras.
Mas um conceito que já vem sendo usado há algum tempo e que sempre gera algumas polêmicas é o MVP, ou Minimum Viable Product (produto minimamente viável).
Neste post, vamos entender definitivamente o que é MPV e a maneira correta de usá-lo se você quer saber como montar uma startup.
O que é MVP e como startups se beneficiam deles
Segunda um artigo da HBR, 75% das startups fracassam.
O motivo para isso é que muitas ainda empregam o antigo entendimento de que o lançamento de um produto deve seguir um esquema tradicional em 4 passos:
- Criar um plano de negócios
- Formar sua equipe
- Lançar seu produto
- Começar a vendê-lo o mais rapidamente possível
O problema dessa abordagem envolve diversos fatores.
Um deles é a dificuldade de criar um plano de negócios realista, pensando com 5 anos de antecedência – que é o tempo que se leva para desenvolver um produto usando abordagens tradicionais.
Mas o mais grave de todos os possíveis problemas é outro:
A maioria dos empreendedores que desenvolvem produtos não tem um feedback adequado dos clientes até que seja tarde demais.
Nesse ponto, depois de gastar uma fortuna e alguns anos desenvolvendo um produto, os investidores de uma startup podem acabar descobrindo que ele não interessa a seu público.
Para evitar esse problema que leva 3 em cada 4 startups à falência, a metodologia lean startup foi criada, trazendo, entre outras abordagens, o planejamento ágil por meio do business model canvas, e o assunto de nosso post: o uso de MVP para startup.
O que é MVP, afinal?
Existe uma maneira simples de definir o que é MVP:
MVP é a versão de um novo produto que permite à sua equipe coletar o maior número de aprendizados possíveis sobre os clientes com o menor esforço.
Para que você encontre o seu modelo de negócio ideal, é preciso testar hipóteses ao lançar novos produtos.
Você precisa perguntar a usuários e compradores potenciais o que acham de todos os elementos de seu modelo de negócios, e isso inclui, entre outros pontos importantes:
- Funcionalidades e atributos do produto
- Preço
- Canais de distribuição
- Ações de comunicação e marketing
A maneira mais fácil de operacionalizar isso é criando um MVP que tenha apenas as funcionalidades necessárias para ser testar suas hipóteses junto aos clientes.
Caso as hipóteses não sejam validadas, é preciso ajustar o produto, ou mesmo mudar radicalmente o projeto, o que se chama de pivotar.
[PARÊNTESES] (Um case famosos de pivotagem foi o Slack, que nasceu de uma empresa que pretendia fazer um videogame, mas acabou descobrindo que o sistema de comunicação interna que criaram era mais lucrativo).
Voltando: com o MVP você vai aprendendo através do feedback adquirido dos clientes, por meio de uma sequência de falhas controladas, até atingir o sucesso.
Esse processo de ganhos incrementais em busca do produto ideal é que vai levá-lo ao “market fit”, isto é: ao produto que se encaixa perfeitamente nas necessidades do mercado.
Ficou claro para você o que é MVP?
Legal, então vamos a uma dica final de como investir em uma startup usando esse conceito.
Como criar um MVP usando APIs
Como vimos antes, ao definirmos o que é MVP, deixamos claro que ele precisa ser capaz de coletar o maior número de informações com o menor custo possível.
Um case clássico de um MVP extremamente barato que serviu para validar o conceito do negócio foi o vídeo de Drew Houston explicando o que era (ou seria) o Dropbox, e que gerou inscrições de 70 mil interessados em um produto que sequer existia ainda.
Confira o famoso vídeo original aqui:
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Hoje, você pode fazer muito mais que isso, pode simular seu produto de uma forma bem mais realista usando ferramentas gratuitas e integrações via API (protocolos da internet que fazem diferentes ferramentas hospedadas na nuvem conversarem entre si).
Imagine que você teve a ideia de fazer um serviço de indicação de livros online.
A pessoa responde a um questionário sobre seu perfil, assinala alguns livros que já leu e gostou e outros que não gostou; quais os temas de sua preferência, ficção, não ficção, acadêmicos, profissionais e outras perguntas deste tipo e um algoritmo apresenta algumas sugestões de livros e os links das lojas online para comprar.
Antes de desenvolver esse complexo algoritmo, você pode testar a ideia:
- Usando o Wix, o WordPress ou outro construtor de sites gratuito, crie um site que explique o conceito de sua ideia.
- Inclua um formulário do Typeform para coletar as respostas.
- Por meio de uma API esses e-mails são enviados para uma lista do MailChimp.
- Depois de ler as respostas, baseado em seus conhecimentos literários, você usa um template bacana do MailChimp e coloca as sugestões de livros para a pessoa, fazendo uma pesquisa no Buscapé dos melhores preços.
As sugestões são feitas manualmente, mas é uma forma de testar a hipótese de seu novo serviço, sem arcar com o custo tremendo de desenvolver o algoritmo.
Esse é apenas um exemplo do que um pouco de criatividade, ferramentas gratuitas e APIs podem fazer para quem quer criar um MVP.