Se você acompanha um pouco sobre mercado de inovação, é possível que já tenha se deparado com alguma notícia sobre a Estônia. Esse pequeno país do leste europeu com pouco mais de um milhão e trezentos mil habitantes e 45 mil quilômetros quadrados de extensão (metade de Santa Catarina) tem se destacado no empreendedorismo social e no mercado digital nos últimos anos.
Mas como foi que esse pequeno país alcançou esse caminho de sucesso? Quais caminhos eles seguiram que podem nos servir como exemplo para o ecossistema brasileiro?
O processo de construção do governo
O processo para que hoje a Estônia seja um país referência para criação de startups não é de hoje. Ele foi construído desde 1991, quando o país conquistou sua independência e levou diversos fatores em consideração.
A ideia de “criar seu próprio negócio” é difundida por lá. Isso porque o governo pós independência soviética foi constituído por pessoas jovens. Eles reduziram ao longo do tempo as burocracias e estimularam o empreendedorismo como modelo de negócio.
Assim, esse pequeno país entendeu cedo que sendo um local sem muitos recursos naturais, deveriam focar sua economia no mercado e nas inovações da economia.
Ao contrário do Brasil, onde a burocracia ainda reina, os cargos públicos são almejados como sinal de estabilidade e o empreendedorismo surge muitas vezes como solução para o desemprego ou outra renda.
Exemplos de inovação da Estônia
E-residência
Cartão de identificação digital emitido pelo governo que oferece acesso a serviços públicos na Estônia. O país já tem 99% de seus serviços governamentais disponíveis digitalmente. E o programa criado em 2014, tem como objetivo melhorar o mercado do país e atrair empreendedores internacionais.
Assim, quem quer criar suas empresas e ter mais acesso a mercados estratégicos na União Européia conseguem fazer isso digitalmente. Elas tem direito a um registro e conta bancária sem ter uma empresa fisicamente sediada na Estônia. Além de beneficiar empreendedores e startups, o programa também se tornou uma alternativa atraente para nômades digitais e freelancers.
Skype
O escritório da agência fica em Tallinn, na capital. O Skype ofereceu a primeira chance para muitas pessoas experimentarem fazer uma ligação telefônica com vídeo adicionado. O que foi fundamental para as pessoas se comunicarem efetivamente com clientes e familiares em todo o mundo.
Referência de inovação
Com o maior número de startups por pessoa em todo continente, a Estônia é um dos países com o maior número de habitantes per capita com acesso à internet, o que é um direito garantido pela constituição. Então uma frase que mostra a potência que a Estônia é quanto ao seu trabalho no governo, vem do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama que diz:
A Estônia é uma grande história de sucesso entre as nações que tiveram independência depois da Guerra Fria. Vocês fizeram uma democracia brilhante e próspera, vocês se tornaram um modelo de como o governo e os cidadãos interagem no século 21, algo que o Presidente Ilves venceu. Com as suas identidades digitais, os Estonianos podem usar seu smartphone para fazer qualquer coisa online – desde as notas das escolas das crianças até os registros de saúde. Eu deveria ter chamado os Estonianos quando estávamos colocando no ar o nosso site de sistema de saúde.
O que tirar de lição para o Brasil?
Primeiramente, não podemos comparar a dimensão física e estrutural do Brasil com a Estônia, nem com o seu processo governamental. Mas, podemos tomar como lição de casa, que é possível termos com o apoio do governo legislações. Basta ter regras que trabalhem a favor do empreendedorismo e capazes de estimular a inovação.
Logo, nossa expectativa para os próximos meses está nas resoluções do projeto de lei que visa criar um marco legal para as startups no Brasil, e oferecer facilidades para abertura de empresas, pagamento de impostos e questões jurídicas das startups, como já acontece em outros países.