A chegada de novos voluntários em comunidades de startups é importante para manter o trabalho a longo prazo. Como as pessoas líderes são voluntárias e tendem a ter uma jornada finita na comunidade, é necessário preocupar-se com novos membros. Quando uma comunidade não tem um fluxo de entrada e mantém sempre o mesmo grupo de pessoas na liderança, provavelmente enfrentará dificuldades em diversos aspectos.
Primeiramente, o desenvolvimento da comunidade será muito mais lento, podendo até voltar a um nível de maturidade anterior ao que já alcançou. A não renovação dos voluntários e dos líderes também afetará na recorrência de ações e eventos, no relacionamento com os atores do ecossistema, na construção de um histórico da comunidade, no treinamento e passagem de conhecimento sobre as responsabilidades e habilidades que os voluntários precisam. Dessa forma, o próprio ecossistema local seria impactado por não ter mais tanta efetividade da comunidade que deveria conectar os atores e atuar nos pilares que precisam de suporte para se desenvolverem.
Para evitar esse cenário, é possível construir estratégias de atração de novos voluntários. O primeiro passo é a comunidade esclarecer o seu propósito e alinhar qual o perfil de voluntário que está buscando. Para isso, é essencial conversar com os empreendedores locais para conhecer o perfil de founder daquela região, quais as suas dores, motivações e características. Afinal, se todo o trabalho e esforço das comunidades é para desenvolver o ecossistema de startups local, elas precisam ser constituídas também pelos founders dessas startups. A partir disso, será mais fácil entender o que a comunidade precisa ter e fazer para que essas pessoas queiram fazer parte.
Para atrair novos voluntários, as comunidades precisam ser atraentes. Isso significa que é preciso avaliar se hoje as ações, eventos e articulações da comunidade estão entregando valor para os empreendedores, resolvendo suas dores e cumprindo com o objetivo de desenvolver as startups. Às vezes aquele evento legal e bem organizado não está entregando valor real. Outras vezes, algumas articulações entre a comunidade e outros atores serão mais relevantes do que planejar outro evento. É o mesmo mindset empreendedor de resolver um problema real: conhecer as dores dos founders, criar hipóteses de como poderão ajudar a resolver o problema, fazer um teste para ver se a ideia soluciona a dor, avaliar o resultado e, caso necessário, usar os aprendizados para repensar novas estratégias.
Além de ser atrativa, a comunidade precisa ser vista. Ela precisa estar presente onde os empreendedores possam saber da sua existência e do que ela faz, além de comunicar quais as vantagens de se voluntariar e como fazer isso. Pensando nisso, as comunidades devem usar os eventos para se fazerem presentes e mostrarem seus líderes como organizadores de uma ação que está gerando impacto. As redes sociais também são aliadas para mostrar o que está acontecendo na comunidade, divulgar ações e compartilhar boas práticas. Além disso, os voluntários devem ser embaixadores, vestir a camisa da comunidade e falar sobre ela.
Se a comunidade sempre tiver um canal de entrada aberto para novos voluntários, é possível fazer planejamentos a longo prazo, manter recorrência das ações, fazer passagem de bastão e criar uma boa estrutura para a longevidade da comunidade.